Sim, o problema principal é esse. Por uma questão de princípio, todo o trabalho de design a serviço do Estado destinado a ser utilizado publicamente deve ser de utilização livre por todos os portugueses. Afinal de contas, a causa pública exige-o. É que foram os contribuintes que pagaram por todo o pacote gráfico encomendado pelo ex-governo. A partir daí, a relação de confiança está quebrada.
#Portugal#Logo#Logotipo#Governo#Tipografia#Design#DesignGráfico: "A intervenção do design em questões de estado, chamemos-lhe assim, é sempre matéria de grande sensibilidade. Como vimos ao longo deste artigo, o trabalho final é apenas parte de um processo composto por diversas camadas, depende de decisões a diferentes níveis. Outra das vítimas colaterais de toda esta celeuma foi a fonte. Desenhadas por Dino dos Santos, tipógrafo português de renome mundial – como todos os outros envolvidos nos processos deve sublinhar-se – a Portuguesa é uma família tipográfica composta por duas fontes, a Serif e a Sans. A qualidade da fonte, e sobretudo a completude do projecto, é inquestionável, mas a forma como é justificada mostra a forma como se desenha o triângulo entre design, estado e os cidadãos (...)
As fontes Portuguesa foram lançadas com licenças proprietárias e como “uma resposta à necessidade urgente de oferecer maior segurança às plataformas de comunicação do Estado e a toda a informação nelas constante.” Esta ideia da segurança através da criação de uma barreira legal é particularmente ilustrativa do tipo de relação que se estabelece, ou neste caso que não se estabelece. Mais ainda porque o argumento da segurança não faz muito sentido do ponto de vista prático. Qualquer utilizador experiente de internet sabe como é fácil encontrar qualquer fonte no código fonte de um site, e como a maioria dos scammers não está propriamente preocupada com direitos de autor e licenças de tipografias."