#RedesSociais#Algoritmos#ModeraçãoDeConteúdos#ShadowBan: "As redes sociais, de um modo geral, decidem o que pode e o que não pode ser dito. Ou, melhor dizendo, o que pode e não pode ser visto. Mas não o fazem de um modo claro, como deve ser um sistema de governança, com a descrição das políticas através de leis que os utilizadores possam conhecer e contestar. Em vez disso, estas estratégias de moderação são resultado de uma complexa teia, com várias camadas, onde humanos em condições laborais precárias e algoritmos opacos governam espaços privados numa tentativa constante de seguir a lei – diferente nas centenas de jurisdições onde as redes sociais estão disponíveis. É nesta disposição ténue e frágil, que oscila entre a moderação e a censura, que emergem fenómenos dúbios e altamente penalizadores como o shadow ban.
Olhando aos exemplos individuais, a tendência pode ser para desacreditar as denúncias, apontar razões circunstanciais, subestimar o efeito global do fenómeno e a magnitude das suas consequências. Nos últimos tempos – e esquecendo todos os desastres de moderação que têm acontecido no X, antigo Twitter – um dos temas mais marcados pela suspeita do shadow ban tem sido o ataque de Israel a Gaza. Desde o reatar do conflito têm sido várias as denúncias, vindas sobretudo do lado palestiniano. E se é, na prática, impossível monitorizar todas as incidências, e perceber por que cada post teve uma má performance – é importante não esquecer que podem ser dezenas os motivos – os relatórios do passado oferecem uma imagem privilegiada sobre como funciona o mecanismo. E embora as conclusões não sejam totalmente generalizáveis, dada a especificidade cultural e política dos dois lados, a sua complexidade torna-o um excelente estudo de caso."